(1821) NUNES GARCIA Método de piano

Compêndio de Música e Methodo de Pianoforte

Compositor: José Maurício Nunes Garcia
Número de catálogo: CPM 236
Data da composição: 1821
Estréia: para uso doméstico, por seus filhos, e demais alunos no Rio de Janeiro

Duração: cerca de 45 minutos
Efetivo: piano

O Método do Padre José Maurício surge no mesmo ano em que ele regeu o Réquiem de Mozart, em estréia fora da Europa, 1821, no Rio de Janeiro, com a partitura que lhe chegou às suas mãos trazida pelo compositor austríaco — aliás, de Salzburg, como Mozart — Sigmund Neukomm. O mesmo Neukomm que iria remeter aos europeus um artigo para um jornal germânico dizendo ter encontrado nos trópicos "o maior pianista do mundo". Isso para quem desfrutara da companhia de Mozart e Beethoven (este, à essa época, ainda vivo), ambos exímios virtuoses em seu tempo — os maiores, talvez — é uma declaração e tanto e nos desvenda a dimensão do talento do órfão mulato que salvou-se da miséria e da morte pelos padres, treinado em música no ambiente da Igreja do Rio colonial e elevado, por sua capacidade e brilho, a Mestre-de-música da Capela Real com a chegada de D. João VI em 1808.

A obra poderia perfeitamente constituir peça de repertório, assim como os Estudos de Chopin, e por vezes surge dessa forma. O Método, escrito para o treino de seus dois filhos — sim, ele era padre, mas... — e demais alunos — dentre eles Francisco Manuel da Silva, o autor da melodia do Hino Nacional Brasileiro, e o futuro Imperador D. Pedro I — é constituído de 2 partes, cada uma com 12 lições, e mais 6 "Fantezias" (Fantasias), trechos de forma livre, mais evocativos. Notam-se influências e até citações de Haydn e Rossini (o gosto para ópera italiana na cidade era imenso, por conta da preferência da família real), mas pode-se afirmar sua musicalidade própria, identificável não só neste despretencioso Método, mas em seu consistente legado, incluindo a obra-prima de 1826, a Missa de Santa Cecília. 

© RAFAEL FONSECA

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